Histórias do feito à mão. - Luciana Galeão
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Histórias do feito à mão.

Histórias do feito à mão

“Essa é a primeira de uma série de postagens.”

Histórias do feito à mão, que também batiza o nosso blog, são relatos de experiências vividas em processos criativos, reutilização de resíduos e troca de saberes com mais de 30 grupos de artesãs na Bahia. O Programa de Empreendedorismo Criativo Sustentável (PECS), iniciado em 2009, chega aos seus 15 anos de atuação, beneficiando direta e indiretamente mais de 54.000 pessoas, reutilizando através do upcycling mais de 46 toneladas de resíduos e sempre com parcerias de instituições sociais, empresas e amigos que em prol de gerar positivos impactos socioambientais, preservação e inovação de artesanias, estão comigo construindo essa história, que se inicia bem no começo da marca Luciana Galeão e é sobre isso que irei compartilhar com vocês.

Esse texto tem a colaboração das museólogas Sandra Tanajura M. Galeffi e Djane Moura Cruz.

 

O grande desafio para quem está começando em qualquer área é ter acesso ao mercado e o melhor aliado para superar esse alto degrau, foi encontrar no meu processo criativo as maneiras de vencer esse primeiro passo. No início de tudo eu já tinha o entendimento que ter um trabalho autoral seria um benefício e a moda para mim era uma forma de expressão. O objetivo principal era emocionar e a arte era a minha maior fonte de inspiração, 28 anos se passaram e eu continuo pesando assim.

A minha relação com reutilização de resíduos surgiu de forma intuitiva em 1999, a marca completava três anos e tinha como produto principal, camisetas feitas com aplicações de pictogramas (símbolos de comunicação universal), eu ainda não era uma profissional do mercado de moda, mas já a entendia como uma forma de comunicação. Esses aplique eram feitos de forma artesanal, recortava, colava e costurava desenhos feitos com materiais sintéticos como vinis, couros falsos e napas. Deu super certo e as pequenas coleções vendiam facilmente.

O único problema eram os sacos de lixo com sobras desses materiais que passei a acumular no meu atelier. Olhava para o chão varrendo aquilo diariamente, o efeito me remetia a pequenos pedaços de azulejos espalhados formando um lindo mosaico colorido.

O desafio era transferir aquele efeito maravilhoso para as roupas. Lógico que não foi do dia pra noite, mas eu consegui e afirmo que olhar com carinho para o meu resíduo foi a melhor coisa que poderia acontecer. Consegui três soluções ao mesmo tempo: evitar o descarte irresponsável, não jogar meu dinheiro fora junto com as sobrar, afinal paguei por aquilo e principalmente consegui agregar mais valor criativo ao meu trabalho. Passei a reutilizar os retalhos dos tecidos com minhas estampas exclusivas, e também dos lisos, criando novas estampas com aplicações. Ter um produto diferenciado despertou o interesse do mercado e facilitou o meu acesso.

As coleções começaram a fluir, passaram a participar de desfiles, lojas, novelas, revistas, programas de tvs e finalmente estava no mercado nacional, também com vendas internacionais. Gostaria de afirmar que essa foi uma construção coletiva, muitas pessoas e profissionais maravilhosos fizeram parte para alcançar esses resultados.

Em 2009, conheci a comunidade Morro Alto da Sereia, me encantei com o lugar e decidi alugar uma casa para iniciar um trabalho de capacitação artesanal com outras mulheres artesãs. Formei uma turma para ensinar os meus bordados em mosaicos e serem colaboradoras nas demandas de produção, mas percebi que seria importante contribuir para também se tornarem empreendedoras e se fortalecerem mais profissionalmente.

 

Em 2010, fui convidada pelo Sebrae e a Agencia Nacional de Pesquisa e Inovação (ANPI) à apresentar em um workshop, todas essas soluções que estava aplicando em meu negócio, e um convite do extinto Instituto Mauá para levar essa formação para outros grupos de artesãs. E foi assim que surgiu o PECS.

Espero que tenham gostado. Seguirei contando  muitas das nossas histórias sobre criatividade, empreendedorismo, troca de saberes, incríveis artesãs, vivencias em comunidades, upcycling e muito mais.

 

Saiba mais sobre os nossos projetos, aqui no link da página do INSTITUTO LUCIANA GALEÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

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Luciana Galeão
carvalhogaleao@gmail.com

A designer Luciana Galeão trabalha na solução do problema de descarte de resíduos sólidos, através do reaproveitamento, utilizando a fusão entre criação em design de moda, gestão, pesquisa de matérias primas recicláveis e o empreendedorismo social. Há 20 anos desenvolve pesquisas sobre matérias primas alternativas, sendo uma das pioneiras no Brasil em operar nos moldes conceituados como Economia Circular e soluções de Upcycling, com ênfase em Design Circular voltado para produtos sustentáveis com grande valor agregado.

4 Comentários
  • Sandra TM Galeffi
    Publicado às 14:25h, 08 agosto Responder

    Incrivelllll
    Sou super fã.
    É um projeto.significativo e tem tuuudo para deslanchar
    Abriu o portal, e que data significativa de início 8/8/2024 !!!!
    E acredito que vai ampliar as ações e os multiplos projetos derivativos desse conceito.

    • Luciana Galeão
      Publicado às 14:33h, 08 agosto Responder

      Que maravilha San! Boas vibrações. Você é uma querida amiga irmã, grande parceria. Super obrigada por fazer parte dessa história.

  • Djane Moura Cruz
    Publicado às 15:48h, 08 agosto Responder

    Investindo no ser humano e, seguindo: acreditando, capacitando para a transformação acontecer.

    Super apoiu!

    • Luciana Galeão
      Publicado às 07:15h, 09 agosto Responder

      Obrigada Dja querida! Estamos juntas nesse processo maravilhoso.

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